Correio da Bahia
A noite que seria de alegria por pouco não termina em tragédia no Espaço Cultural Caras & Bocas, voltado para o público LGBTQIA+ na Rua Carlos Gomes, em Salvador/BA. Na madrugada deste domingo (01) Edson Oliveira Lima Macedo invadiu o espaço, destruiu o bar e agrediu as pessoas. Na sequência, ele ainda tentou invadir o bar Âncora do Marujo, também voltado para o público LGBTQIA+ na mesma rua, onde também entrou em vias de fato com artistas e clientes. Segundo as vítimas do ataque, Edson é conhecido por brigar durante consumo em ambientes LGBTQIA+.
A confusão começou dentro de um ônibus que fazia linha para a Barra na altura da Calçada onde o veículo foi rendido por Edson. Além do motorista e a cobradora, havia apenas três passageiros, entre eles o Dj Hebert Almeida, 20. “Ele entrou sereno e segurava um saco quando, do nada, começou a gritar, dizendo que ia matar os gays e olhou pra mim e disse:’você é viado e vai morrer’. Do nada, tirou um paralelepípedo do saco e jogou contra uma das janelas do ônibus que quebrou. Os estilhaços atingiram o meu rosto”, contou o dj.
Segundo Hebert, o motorista ficou desnorteado com a pedrada e o ônibus chegou a ficar desgovernado. “Por pouco não aconteceu uma tragédia. Com o barulho, o motorista perdeu o controle e o ônibus raspou parte da lateral numa parede, ocasião que rapidamente ele conseguiu estabilizar o veículo”, disse o rapaz.
Ainda de acordo com ele, todos do ônibus estavam apavorados e Edson obrigou o motorista a parar o veículo na frente ao Espaço Cultural Caras & Bocas, na Rua Carlos Gomes.
Em seguida, Edson entrou no espaço e começou a destruir mesas, cadeiras e estruturas. A drag queen Valerie O’rarah, que se apresentava no momento do ataque, foi agredida pelo homem. “Ele quebrou garrafas e queria furar a gente. Dizia que só sairia com a chegada do deputado Isidório”, contou O’rarah.
Instantes depois uma das proprietárias do bar, Alexsandra Leitte, foi feita refém pelo agressor. “Ele pegou minha esposa pelo cabelo e começou a dizer que ia matar ela. Ele arrastou ela pelos cabelos pela escada abaixo e jogou ela na frente do ônibus. A sorte foi que o ônibus parou. Conseguimos parar uma viatura e ele tentou entrar no Âncora do Marujo”, relatou ao Me Salte a empresária Rosy Silva, também proprietária do bar.
Durante o ataque, Alexsandra levou do agressor uma mordida no braço direito, além de vários hematomas.
O caso foi registrado na Central de Flagrantes, no Iguatemi. As vítimas foram interrogadas pela delegada Cinara Moraes. O CORREIO procurou a Polícia Civil, para saber se o agressor permanecerá custodiado, mas até agora não houve resposta. As vítimas relataram que ele foi ouvido e liberado.
“Ele jogou pedras em um carro de uma mulher LGBT que é motorista de carro por aplicativo. É muito triste isso especialmente porque temos a informação de que ele é um homem gay. Ele ficava gritando dizendo que iria matar todos os ‘viados e sapatões’”, destacou Rosy.
Apesar de não conhecer Edson, Rosy disse que ele é tem três ocorrencias na Central de Flagrantes ataques a estabelecimentos do seguimento LGBTQIA+. “A delegada disse que em todas as três ocorrências, ele procurou brigou após recusar pagar as contas”, contou.
Além dos estragos físicos e emocionais, o casal de empresárias tive prejuízos financeiros causados por Edson. “A casa está fechada. Ele quebrou tudo. Ainda não pude calcular a dimensão do estrago. Para se ter uma ideia, tive pessoas contratas e fornecedores que não pude pagar. Já tivemos outros ataques ao centro cultural, mas não como esse”, declarou Rosy. Em janeiro de 2018, na noite de inauguração do atual endereço, o estabelecimento foi alvo de ataques homofóbicos. Na ocasião foram lançados quatro grandes sacos com pedras de gelo além de pedaços de pedras causando pânico nos clientes.
PA4 com Correio da Bahia
Nenhum comentário:
Postar um comentário