No tempo da minha juventude, conheci mocinha, de origem modesta, mas rica de inteligência, esperteza e perspicácia. Enxergava, com clareza, intenções, onde a maioria, apenas entrevia palavras e gestos.
Era pequenina, graciosa nos meneios, de lábios finos, cheios de simpáticos sorrisos. Delicada, como bonequinha de biscuit.
Gostava de dialogar com ela, acompanhando-a, com satisfação, o raciocínio, quase sempre acertado e oportuno.
Perdia há muitos anos, nos encontros e desencontros da vida. Tive pena, porque seu espírito crítico, era-me útil.
Graças a sortilégios da técnica do Facebook, reencontrei-a, já no crepuscular da vida, mas ainda com a frescura e a perspicácia, que conheci.
Certa ocasião, falava-se de novelas de TV, quando ela saiu-se com esta: “- As novelas, não são escritas para nos entreter, mas, modificar o nosso pensamento.”
Já havia chegado a essa conclusão, mas, a frase ficou-me gravada na memória, como verdade incontestável.
A maioria das novelas de TV, são verdadeiras lavagens cerebrais, no intuito de alterar, sem sentir: comportamentos, ideologias, e conceitos morais.
Constantemente somos bombardeados pela televisão – e não só, – com ideias e conceitos da Nova-Moral, de forma a inculcar, mormente na juventude, novos conceitos e comportamentos, que certas minorias, pretendem impor: por interesse económico ou prazer mórbido de perverter a sociedade.
Dizem-me: As novelas são o espelho da sociedade atual. Será? E que sociedade?
Anos há, escutei na “Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto”, interessante conferência, proferida pelo inesquecível comunicador, António Lopes Ribeiro.
A determinado passo, da dissertação, asseverou: “ O cinema não é nem mais, nem menos, do que o espelho da sociedade.”
Concordei e concordo. Mas não será, a sociedade, também, o espelho do cinema e da novela televisiva?
É inegável que o carácter é alicerçado, em tudo que: vemos, ouvimos e lemos. As leituras; o escritor que preferimos; o jornal e a revista, que compramos; os programas de TV, que assistimos; e o canal de televisão que vemos, exercem, sobre nós, efeito determinante, no nosso comportamento.
Igualmente, os locais, que frequentamos: os divertimentos; os amigos; e até o bairro que se vive, influenciam o nosso modo de pensar e agir.
Quem manda, quem tem o poder, conhece perfeitamente, isso, e utiliza-os para moldar-nos, a seu belo prazer, tão subtilmente, que pensamos que as ideias são nossas, e não deles! …
Eu sei, que não há uma sociedade, mas várias, na mesma cidade. Cabe a cada qual, escolher e integrar-se naquela que o ajude a peregrinar, pela vereda do bem.
Sem dúvida, que cabe aos pais e á família, o dever, diria: obrigação, de orientar e criar nos filhos bons hábitos, que lhes forme: carácter honesto e sadio.
O bom exemplo, que recebemos dos progenitores, e a conduta que nos ensinaram, são importantes, não só para nós, como para os outros, porque: a Pátria não é mais, que o conjunto das Famílias.
Por isso, devido à decadência das famílias, a Pátria deixou de ser local seguro: O crime campeia; o respeito acabou; o pudor desapareceu; e a honra e a dignidade, vende-se, tal qual, como Fausto vendeu a alma.
É urgente salvar a nossa civilização. Voltar aos conselhos bíblicos; educar e louvar a virtude; se não queremos caminhar para a promiscuidade. Que nos levará à destruição, ao aniquilamento total da sociedade, que já foi de Cristo.
Por: Humberto Pinho da Silva
Publicado no site Tabocas Notícias
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