CASO DE JUSTIÇAMENTO CRESCEM 316% EM ALAGOAS E MORTES QUADRUPLICAM EM 4 ANOS (GN - AL)

Primeiro semestre de 2019 registou média de um caso a cada três dias, segundo dados da OAB/AL - Reprodução


Na contramão do discurso de redução da violência propagado pelo governo Renan Filho, os alagoanos assistiram aos casos de justiçamento triplicarem nos últimos quatro anos, saltando de 36 ocorrências com três óbitos, em 2015, para 114 com 12 óbitos em 2018. Quando analisadas as mortes decorrentes de linchamentos, elas quadruplicaram nesse período.Seja pelo descrédito com instituições de Segurança Pública e convivendo com crimes que afetam diretamente o cidadão, os casos de justiça com as próprias mãos cresceram vertiginosamente durante o quadriênio.


Em 2019, a marca cruel continua no cotidiano das pessoas. Carlos Alberto dos Santos Lins, 36 anos, e Anderson Rodrigues Leite, 31, mantêm uma média sangrenta de um caso de justiçamento a cada três dias em Alagoas, que no primeiro semestre contabilizou 55 casos no estado. Sete deles terminaram na morte do suspeito.

Carlos Alberto foi pego após ser flagrado tentando roubar uma televisão. Ele foi amarrado a um poste junto com o suposto fruto do roubo. Tudo isso filmado e cercado por dezenas de pessoas. O fato ocorreu na quinta-feira (4), no bairro da Ponta Grossa, em Maceió. Três dias depois, Anderson Rodrigues foi vitimado com um golpe de viga de concreto sobre a cabeça. Anderson havia golpeado um vizinho com faca, o que despertou a ira da população.

Os casos de justiçamento ou linchamentos, termos utilizados para o ato da população de espancar suspeitos de cometimento de crimes e assim fazer "justiça com as próprias mãos", são acompanhados pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que também os contabiliza.

O delegado José Carlos André dos Santos, da Delegacia de Roubos da Capital, explica que "até compreende a ânsia da população". Contudo, ele pontua que a quantidade de crimes contra o patrimônio é grande e a polícia até tem um pouco de compreensão com a chateação da população com esse tipo de ocorrência.

No entanto, ele ressalta que a orientação dele, que é também o que diz a lei, é de que o cidadão pode reagir à agressão desferida contra ele, todavia qualquer ato após a imobilização do suspeito pode ser enquadrado como crime. "A legítima defesa cessa a partir do momento em que o indivíduo está imobilizado. Passou a estar imobilizado, o que acontecer daí para frente é crime. E, às vezes, um crime até mais grave do que o que o indivíduo ia cometer", pondera.

José Carlos conta que, quando atuava com delegado na cidade de Rio Largo, indiciou algumas pessoas que participaram de um justiçamento na localidade. O fato se deu após a população imobilizar dois jovens acusados de roubo. Um deles acabou morrendo após os golpes desferidos pelas pessoas.

O vídeo do espancamento foi publicado nas redes sociais e serviu para a polícia identificar quem participou do ato. Identificados, inclusive, por estarem usando farda de empresas, as pessoas foram indiciadas por lesão corporal grave seguida de morte.

Por: Gazeta Web

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