Novo estudo revela que noites quentes prejudicam seriamente o sono, reduzindo sua duração e qualidade, e podem ter impactos maiores na saúde com o aquecimento global/Reprodução
Sabe aquela sensação de acordar cansado, mesmo depois de uma noite inteira na cama? Um novo estudo mostra que o calor durante a noite não é só um incômodo, ele é um verdadeiro inimigo do seu descanso. Pesquisadores revelaram que temperaturas elevadas não só diminuem as horas de sono, mas também derrubam sua qualidade e podem trazer sérios problemas para a saúde.
Essa pesquisa, que é um marco, analisou milhões de noites dormidas e identificou quem mais sofre com o problema. O alerta é ainda maior para o futuro, já que as mudanças climáticas prometem noites cada vez mais quentes.
Por que o calor atrapalha nosso descanso?
Para ter um sono de verdade, aquele profundo e reparador, nosso corpo precisa de uma coisa simples: esfriar. Quando a noite está quente demais, isso não acontece, e o descanso vira um quebra-cabeça incompleto. A Universidade do Sul da Califórnia (USC) foi a responsável por esse estudo e explicou que as noites quentes mantêm nosso organismo em estado de alerta. Além disso, a desidratação aumenta e os estágios do sono ficam todos bagunçados.
Os cientistas investigaram a duração, a continuidade e a eficiência do sono e viram um padrão bem claro: quanto mais quente, pior para dormir. Jiawen Liao, o primeiro autor do estudo, comentou sobre a importância da descoberta:
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“Este trabalho é um passo importante para entendermos como o sono é afetado por estressores ambientais como o calor, que podem aumentar o risco de doenças e até mesmo de morte.”
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Como o estudo conseguiu esses dados?
Diferente de pesquisas que só usam questionários, este trabalho foi fundo em dados reais. Eles analisaram informações de sono de 14.232 adultos nos Estados Unidos ao longo de dez anos. Os dados vieram de aparelhos vestíveis, como os Fitbits, e foram cruzados com informações detalhadas do tempo.
No total, os cientistas analisaram cerca de 12 milhões de noites focadas na duração do sono e mais 8 milhões para entender os estágios e as interrupções. Isso permitiu descobrir, com uma precisão nunca vista, como o calor lá fora afeta nosso descanso todos os dias.
Entre os principais problemas que o calor noturno causa, estão:
- Dormir menos tempo no total.
- Ficar mais tempo acordado depois de já ter pegado no sono.
- Ter um sono menos eficiente.
- Demorar mais para conseguir dormir.
- Interrupções frequentes nos estágios mais profundos do sono.
A cada 10 °C a mais na temperatura, seja de dia ou de noite, a pesquisa mostrou uma redução de dois a três minutos no tempo total de sono. “Isso pode parecer pouco, mas quando se soma a milhões de pessoas, o impacto total é enorme”, reforçou Liao.
Quem mais sofre agora e no futuro?
O calor não afeta todo mundo do mesmo jeito. O estudo notou que adultos entre 40 e 50 anos perderam mais sono que os mais jovens. Além disso, as mulheres se mostraram mais sensíveis do que os homens. Pessoas com doenças crônicas, renda mais baixa e moradores da Costa Oeste dos EUA também foram mais prejudicados.
Os meses de junho a setembro, que são o pico do verão no hemisfério norte, foram os que registraram as maiores perdas de sono. E, olhando para o futuro, o cenário é preocupante: até o ano de 2099, os adultos americanos podem perder entre 8,5 e 24 horas de sono por ano por causa do aumento das temperaturas noturnas. “Direcionar intervenções e mudanças nas políticas para esses grupos pode ser particularmente impactante”, disse Liao.
Agora, os pesquisadores estão em busca de soluções práticas, como programas de higiene do sono, telhados verdes e melhorias na refrigeração dentro de casa, para tentar diminuir os impactos das noites quentes na nossa saúde.
Chico Sabe Tudo

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