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Uma faixa em uma das passagens da Avenida Ipiranga em Porto Alegre-RS é um pedido franco: “Senhor ladrão, por favor, pelo amor de Deus, respeite a nossa dor”. É paisagem obrigatória para quem tenta chegar ou sair da Usina do Gasômetro, um dos pontos centrais para saída de barcos que cruzam o Guaíba para resgatar pessoas e animais e levar mantimentos para os que se recusam a deixar suas casas.
E é um desabafo contra a onda de saques que segue em Porto Alegre e a necessidade de socorristas de contar com policiais e seguranças armados nas embarcações.
Além de lidar com a tragédia climática, os moradores da capital gaúcha enfrentam o medo da violência.
Entre os socorristas voluntários no local, há muitos relatos de trocas de tiros na água, assaltos à mão armada e até apreensão de barcos, depois usados para saques.
Um jovem segurança que teve treinamento tático e pediu anonimato ao jornal O Globo contou, ao descer no Gasômetro na sexta-feira, que o perigo é ainda maior à noite, especialmente nas vielas de bairros mais vulneráveis socialmente, tomadas pela água em localidades como Mathias Velho, na vizinha Canoas. Lá não adianta, frisou, ter alguém na embarcação com “pistolinha”: “Tem que ser fuzil”.
Pelo menos 50 pessoas foram presas desde o início das operações de socorro aos atingidos pelas enchentes.
Blog do João Marcolino com O Globo
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