ALTERAÇÃO DE MÚSICA EXPÕE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA DA CANTORA CLAUDIA LEITTE (GN - OPINIÃO)

Trecho de DVD de 2014 viraliza e mostra que artista alterou verso da música 'Caranguejo' para suprimir da letra a saudação à orixá Iemanjá/Foto: Joilson César/Ag. Picnews

OPINIÃO – Claudia Leitte desafinou. Artista que já declarou publicamente ser cristã neopentecostal, a cantora fluminense sai do Carnaval de 2024 com a imagem arranhada por ter alterado verso de Caranguejo (Alan Moraes, Durval Luz, Luciano Pinto e Ninho Balla, 2004).

A música foi apresentada há 20 anos na voz de Claudia – então no posto de vocalista do grupo Babado Novo – e rebobinada há uma década pela artista, já em carreira solo, em gravação audiovisual de show captado em agosto de 2013 na Arena Pernambuco, no Recife (PE).

Foi esse registro editado em janeiro de 2014 que expôs a desafinada de Claudia Leitte. Embora já lançada há dez anos no álbum ao vivo e DVD Axemusic (2014), a regravação de Caranguejo viralizou durante o Carnaval e mostrou a intolerância religiosa da artista.

Na gravação original de 2004, a letra de Caranguejo continha os versos “Maré tá cheia / Espera esvaziar /Joga flores no mar / Saudando a rainha Iemanjá”. Na regravação de 2014, Claudia alterou o último verso e, em vez de cantar “Saudando a rainha Iemanjá”, alterou o verso para “Só louvo meu rei Yeshua”, para forçar um link da música com a religião da artista.

Ao vir à tona com a exposição do trecho do DVD em que Claudia Leitte altera o verso de Caranguejo, a intolerância religiosa da artista gerou justas críticas nas redes sociais. Até porque Claudia Leitte fez fama e fortuna dentro do segmento da axé music, rótulo dado à música afro-pop-baiana que, entre as bases africanas do gênero musical soteropolitano, inclui saudações a orixás das religiões de matriz afro-brasileira.

Claudia Leitte tem todo o direito de não cantar mais músicas que louvem orixás se entender que isso ofende a fé que professa. Mas alterar um verso, para suprimir o nome de um orixá na letra de música de autoria alheia, é ferir o direito de expressão dos compositores de Caranguejo.

É, mais do que isso, atestado de intolerância com a crença alheia. Ação lamentável em todo e qualquer época ou lugar, mas sobretudo na Bahia, terra embasada no sincretismo religioso. Salve Iemanjá e todos os santos e orixás da Bahia!

Por: Blog do Mauro Ferreira (G1)