MUTANTE E ADAPTÁVEL: A COVID-19 VEIO PARA FICAR, ACREDITAM ESPECIALISTAS (GN - SAÚDE)

Nova onda de cepa da Ômicron mostra que o vírus é imprevisível/(Arisson Marinho/CORREIO)



A   nova onda de casos de covid-19 vem crescendo no Brasil desde a identificação da subvariante BQ.1, da linhagem Ômicron do coronavírus [Sars-Cov-2]. A nova cepa tem sido responsável pelo aumento de contágios nos Estados Unidos e  Europa. No Brasil, ao menos cinco estados identificaram a mutação, que ainda não chegou à Bahia, mas já preocupa especialistas. Além disso, em território baiano foi registrada a subvariante  BA.5 do vírus. 



Dados dos últimos três meses da Central Integrada de Comando e Controle de Saúde da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) apontam que foram confirmados 31.150 casos de covid-19 no estado nesse período. Desde o começo da pandemia, em março de 2020, o estado registrou 1.706.611 casos da doença.

Para a infectologista Fernanda Grassi, os números só reforçam a necessidade de atenção máxima com as mutações frequentes do coronavírus.  “A covid nunca foi embora. Houve controle da pandemia porque as pessoas se vacinaram e a circulação diminuiu. Mas  estamos vivendo ainda a pandemia, ela não acabou”, ressalta a especialista. 

A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda não mudou o status da doença de pandemia [quando uma epidemia atinge escala global] para epidemia sazonal ou mesmo doença endêmica, quando ocorrem surtos em determinados períodos, como acontece, por exemplo, com a dengue no verão. 

Com casos de covid-19 registrados em todos os municípios baianos, Grassi aponta que não há como classificar a covid-19, ainda, como  doença sazonal, uma vez que o vírus nunca parou de circular. 

Estudante de Psicologia, Luiza Santiago, 20, conta que contraiu a doença pela segunda vez neste ano. “Eu tive em fevereiro e agora. Dessa vez apresentei dor de garganta, cansaço, tosse e espirros”, descreve. 

Vacinação incompleta 

Um dos motivos destacados pela infectologista para a persistência da doença e para o aparecimento de variantes e subvariantes é a falta de conclusão do esquema vacinal. 

“Aquelas pessoas que não receberam suas doses de reforço estão mais suscetíveis à infecção. Podemos esperar, para quem não está imune, um aumento de casos de hospitalização”, alerta. 

Na Bahia, atualmente, a taxa de ocupação de todos os leitos (UTIs e clínicos) para tratar covid-19 está em 36%, sendo a maioria dos hospitalizados, assim como ocorre no resto do país,  de pessoas que não foram imunizadas com todas as doses, idosos e pessoas com comorbidades. A tendência de novos casos aumentou em razão das variantes da Ômicron, dentre elas a BA.5, identificada no estado no início deste mês pelo Ministério da Saúde.  

Até o momento, não se sabe se a BA.5 oferece mais riscos à saúde, mas há um consenso sobre sua maior transmissibilidade, que não possui um motivo determinado. É fato, no entanto, que a baixa eficácia das vacinas disponíveis no Brasil, segundo Grassi, contribui para o contágio, já que as vacinas utilizadas no país têm apenas a sequência da cepa original e ainda não trazem as sequências das mutações. Para a infectologista, o ideal seria a vacina bivalente, que tem a composição do vírus original e a da variante Ômicron, e já vem sendo usada na Europa e nos Estados Unidos para conter os casos ocasionados por essa cepa.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina bivalente está em fase final de análises das novas versões do laboratório Pfizer, já contendo as subvariantes BA.1 e BA.4 /BA.5. Em nota, a Anvisa informou que após a análise, o pedido será encaminhado para avaliação da diretoria responsável, que encaminha a proposição para deliberação da diretoria colegiada, considerando que se trata de pedido  emergencial.

Embora haja eficácia relativamente reduzida das vacinas disponíveis para conter as variantes da Ômicron, a conclusão do esquema vacinal continua sendo imprescindível. De acordo com a infectologista Clarissa Cerqueira, a circulação das subvariantes pode ser atribuída, além da falta da vacina bivalente, a longos períodos sem aplicação das doses de reforço, caso característico de pessoas que não completaram o ciclo.

“Com a vacina, evidenciamos que houve uma redução de gravidade para outras cepas que foram aparecendo". 

Correio da Bahia

 

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