Ana Cláudia Morais, 25 anos, presa em flagrante após matar o marido, no Recanto das Emas, na última quinta-feira (3/6), escreveu uma carta para ele e publicou nas redes sociais. O post foi feito um dia depois de cometer o crime. Ela foi solta após audiência de custódia, sob uma série de condições, entre elas, a de não se ausentar do Distrito Federal sem autorização prévia da Justiça.
No texto, Ana lamenta a morte do companheiro. Ela deu uma facada em Jonathan Francisco Scheidt da Silva, 24, durante uma briga iniciada por ciúmes. “Foi legítima defesa. Mas eu daria tudo para voltar no tempo e ter levado mais o que fosse e ficado quieta até você se acalmar. Preferia termos nos separado e termos seguido nossas vidas, termos uma amizade. Mas dessa vez eu não fiquei quieta. Minha vida acabou. Amor me perdoa!!!”, escreveu a jovem.
“Eu queria ter te arranhado, era uma faca de mesa pequena, a primeira coisa que vi na minha frente, pra você parar de nervosismo e me pedir perdão como sempre acontecia e tudo se normalizar”, continuou a jovem, na carta.
Em outra postagem, feita na mesma rede social, Ana Cláudia detalha uma conversa que teve com o filho. “Chamei o Vitor para me abraçar e chorei muito falando de você. Ele falou: mãe a tristeza é como um vírus. Tá doendo em mim também. Por isso eu me afasto e vejo vídeos. Você vai ter que lidar com a sua dor e eu com a minha”, teria dito a criança.
Liberdade provisória
Ana Cláudia Morais teve liberdade provisória concedida na sexta-feira (4/6) pela Justiça após passar por audiência de custódia.
Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), ela está proibida de se ausentar do Distrito Federal por mais de 30 dias, salvo quando autorizada pelo juízo processante, e de mudar de endereço sem comunicação. Ana deve, ainda, comparecer a todos os atos do processo.
O juiz entendeu que “não há indicativos concretos de que o custodiado pretenda furtar-se à aplicação da lei penal, tampouco de que irá perturbar gravemente a instrução criminal ou a ordem pública”. Por esse motivo, considera que uma eventual prisão deve ocorrer apenas após o trânsito em julgado da ação.
O magistrado ressaltou também que “há indicativos que antes da conduta em si houve uma briga com investida física, o que recomenda prudência com eventual adoção de medidas cautelares mais drásticas”.
Intitulado de “carta para Jonathan”, Ana Cláudia escreveu que morreu junto com o marido, pediu perdão e demonstrou arrependimento pelo crime. Em um trecho do texto, ela ainda pede: “Me espera! Eu vou te amar além dessa vida”.
De acordo com Aguiar, a autora do homicídio teria sido alvo de uma tentativa de esganamento durante o conflito. “Ela se desvencilhou, pegou uma faca e foi para cima dele, que tentou se defender com um colchão. A mulher tirou o colchão da frente e conseguiu aplicar a facada”, relata.
Ana Cláudia foi presa em flagrante pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), no Recanto das Emas. Após golpeá-lo, a mulher chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para prestar o socorro. O rapaz chegou a ser socorrido com vida, mas morreu logo após chegar à UPA do Recanto das Emas.
A faca utilizada no crime foi apreendida, e a mulher, autuada por homicídio.
Nas redes sociais de Jonathan e Ana Cláudia, as publicações indicam que os dois formavam um casal feliz. Horas antes do crime, o rapaz postou um texto em uma foto com Ana Cláudia: “Você me acalma quando estou precisando de paz e enche a minha alma de energia quando eu preciso de forças! Te amo, você é a melhor do mundo”.
Em janeiro, a jovem publicou um vídeo com o marido e o filho e escreveu: “Nem nos meus dias mais otimistas imaginei ter tudo que tenho hoje. Obrigada Pai pela minha família”.
Em abril, Jonathan fez outra publicação: “Hoje estamos completando 1 ano e 2 meses de casados, muita paz, amor e alegria. Te amo muito”. E Ana respondeu: “Te amo muito mesmo. O quanto imaginar que amo, pode multiplicar por infinito.”
A mãe de Jonathan publicou na foto do filho após o crime: “Meu Deus me dê forças!!!! Meu filho, como dói meu coração. Tá difícil acreditar que você se foi. Só Jeová, meu Deus, para me consolar nesse momento de tristeza”.
Leia a íntegra do texto:
“Carta para Jonathan.
Já te falei tudo isso em oração, em súplica pra que Deus permita você me ouvir. Minha vida acabou ontem. Eu morri junto com você. Foi uma briga como tantas outras que já tivemos. Eu não sei nem explicar o que tô sentindo. Eu falei besteira. Você surtou. Não foi a primeira vez. Eu amo você. Você me disse ontem pela manhã: “vida se contenta porque sou eu com você até que a morte nos separe, sou sua única opção, não te dou escolha”. Eu sorri e nos beijamos. Agora tô grogue de calmantes mas a dor é latente, forte. Era a única pessoa que eu tinha além do meu filho. A perícia fez seu trabalho. Os policiais fizeram o trabalho deles. Foi legítima defesa. Mas eu daria tudo pra voltar no tempo e ter levado mais o que fosse e ficado quieta até você se acalmar. Preferia termos nos separado e termos seguido nossas vidas, termos uma amizade. Mas dessa vez eu não fiquei quieta. Minha vida acabou. Amor me perdoa!!! Eu queria ter te arranhado, era uma faca de mesa pequena, a primeira coisa que vi na minha frente, pra você parar de nervosismo e me pedir perdão como sempre acontecia e tudo se normalizar. Mas quando você abaixou o colchão e eu vi, entrei em desespero. Me vesti rápido e gritei por ajuda, chamei os vizinhos pra te colocar no carro. Corremos pra UPA. Eu voltei em casa pra pagar seu documento e busquei minha mãe pra me acompanhar. Deixei ela entrar e fiquei orando no carro. Eu fiz votos, promessas, pedi tanto a Deus. E liguei pra minha mãe, ela me deu a notícia. Entrei correndo na UPA desesperada. Eu tinha certeza que sairia com você dali pra nossa casa. Me perdoa vida. Era muito difícil nossa relação nos momentos de briga. Mas fora deles eu fui muito feliz. Você me mostrou como levar a vida mesmo quando tudo estava difícil, me deu motivos pra sorrir quando minha ansiedade estava me causando mal. Você era minha luz, meu sol, e hoje tá tudo escuro pra mim. Não vejo mais graça na vida. O Vitor precisa de mim. Ele não come desde ontem. Eu não sei como eu vou continuar sem você. Era nós e nossa família. Agora sou eu e o Vitor sozinhos de novo. Eu não sei como vou suportar. 😭😭😭😭😭😭 Me espera! Eu vou te amar além dessa vida. 😭😭😭😭😭😭”
Por: CM7
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