Mulher disse que objetivo era receber conselhos e ajuda espiritual durante um difícil momento da vida. Polícia Civil investiga se houve crime de estelionato/Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Uma mulher que transferiu R$ 17 mil para uma suposta pastora apresentada por um parente, com o objetivo de receber conselhos e ajuda espiritual durante um difícil momento da vida, acabou denunciando a conselheira à Polícia Civil pelo crime de estelionato.
A ajuda espiritual seria em forma de campanha de oração e dependia de um sacrifício: o dinheiro. O valor total foi transferido durante três meses em depósitos com quantias diferentes. No início, a mulher relata ter sentido paz, mas, depois, começou a estranhar a atitude da suposta pastora.
A equipe de reportagem ligou para o advogado de defesa da suposta pastora às 22h de sexta-feira (5) e enviou mensagens para o celular dele, mas a ligação não foi retornada nem as mensagens respondidas até a publicação desta reportagem.
"E essa campanha seria de 21 dias. Fiz o primeiro depósito, passou um ou dois dias e ela disse que o sacrifício não foi aceito. Eu fiz mais outro depósito. Para cada vez mais ir tirando o seu dinheiro, ela começa a te aterrorizar", diz a mulher que denunciou o golpe.
Em uma conversa por celular, a suposta conselheira diz: "Eu sei que isso não é hora, mas o pastor está perguntando do valor. Todos estão em jejum de água para fazer. Quero dar uma resposta ao pastor".
A mulher envia então um comprovante de depósito no valor de R$ 2 mil na conta da suposta pastora. Depois disso, ela registrou um boletim de ocorrência pela internet na 4ª Delegacia de Polícia Civil, em Goiânia.
O delegado Glaydson Divino Costa informou que vai investigar essa nova denúncia e que a suspeita já foi condenada pelo crime de estelionato em Goiás, mas o processo foi suspenso pelo Ministério Público porque a pena é menor que um ano.
Divino Costa disse ainda que, além deste caso, há pelo menos duas denúncias contra a suspeita em investigação, sendo uma em Goiânia e outra no Mato Grosso do Sul. O delegado disse que a suposta pastora não foi encontrada no endereço registrado como sendo dela.
Pirâmide financeira
Apesar dos depósitos, a fiel recebeu alguns reembolsos, o que a levou a acreditar que a suposta pastora montou uma espécie de pirâmide financeira baseada na fé. Esse esquema financeiro consiste em pegar dinheiro de uma pessoa e enviar para outra.
"Pelo visto, essa pirâmide ruiu. Ela não tem mais condições de arcar com o que ela fez [pastora]. A intenção da vítima é denunciar para que outras pessoas também tenham coragem de ir à delegacia para evitar danos maiores", diz a advogada Jakelliny Nemura de Moura, contratada pela fiel para fazer sua defesa.
Em conversa com parentes, a mulher ainda descobriu que eles entregaram dinheiro à suposta pastora em segredo. A regra era que um não poderia comentar com o outro sobre a participação na campanha.
"Espero justiça. Ela utiliza da fragilidade, da fé das pessoas. Todo mundo passa por problemas e o que a gente mais espera é que o ser humano chegue até o outro para estender a mão e ajudar. Quero reaver meu dinheiro. Ela não tem direito de ficar com o que é meu", desabafa a mulher.
G1
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