No país foram 4.146 homicídios, latrocínios e lesões corporais/Internet
O Brasil teve uma alta de 11% no número de assassinatos em março deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.
De acordo com a ferramenta, houve 4.146 mortes violentas em março de 2020. No mesmo mês no ano passado, foram 3.729. O crescimento ocorre mesmo em meio à pandemia da Covid-19.
A alta nos assassinatos em um terço dos estados, no último trimestre de 2019, havia sido antecipado em uma reportagem do site G1. A matéria informava que esse aumento acendeu o alerta para uma possível reversão da tendência de queda da violência no país, segundo os especialistas. A reversão foi confirmada no início deste ano.
Os dados apontam que:
· - o país teve 4.146 assassinatos em março de 2020
· - houve 417 mortes a mais na comparação com o mesmo mês de 2019, uma alta de 11%
- já no trimestre, foram 11.908 crimes violentos, um crescimento de 9%
· - 17 estados do país apresentaram alta de assassinatos no trimestre
· - 10 registraram queda no período
O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Pandemia do coronavírus e isolamento
O mês de março foi o período em que a pandemia do coronavírus ganhou força no Brasil. A primeira morte foi registrada em 17 de março, em São Paulo.
Foi também o mês em que vários estados começaram a aplicar medidas de fechamento de comércio e isolamento social. O Rio de Janeiro publicou um decreto com as medidas de restrição de circulação e funcionamento dos serviços no dia 17 de março. Já São Paulo adotou a quarentena a partir de 24 de março.
Outros estados também seguiram a mesma linha, mas, mesmo com a circulação de pessoas mais restrita, houve um aumento de assassinatos de forma geral em todo o país.
Para Bruno Paes Manso, do NEV-USP, esse crescimento no contexto atual de quarentena é preocupante. Ele afirma que ainda é cedo para apontar as causas por trás da alta da violência, mas aponta que a hipótese relacionada a um aumento nos conflitos entre grupos criminosos se sobressai.
Paes Manso afirma que é importante entender os motivos por trás disso. "Será que as autoridades estaduais estão fragilizadas com a crise criada pelo coronavírus? Será que essa percepção de fragilidade levou quadrilhas rivais a disputarem poder e territórios?", questiona.
"Não existe, contudo, um padrão claro. Estados como Amazonas e Pará, fortemente atingidos pela pandemia, reduziram homicídios em março. Ceará, também bastante impactado, viu os homicídios crescerem. Nesses momentos, às vezes, é mais importante fazer perguntas que dar respostas."
Nordeste puxa a alta
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também cita o estado do Ceará e seus números elevados. Para ela, um dos principais motivos por trás da alta de assassinatos no país foi o motim de parte da Polícia Militar que aconteceu no estado em fevereiro.
"Durante a greve, ocorreram 312 mortes, o que corresponde a um terço do crescimento verificado no trimestre no país", afirma Samira.
O Ceará, inclusive, foi o estado com a maior escalada de violência do Brasil. Nos primeiros três meses do ano, o número de vítimas quase dobrou, passando de 546 para 1.076.
O ano de 2020 teve o mês de fevereiro mais violento do estado desde pelo menos 2013, com mais de 450 mortes. Desse total, 312 aconteceram durante os 13 dias da greve policial. Houve uma média de 26 mortes por dia. Antes, a média era de 8 por dia.
Mas o Ceará não foi o único estado do Nordeste a ter uma alta no número de assassinatos. A região capitaneou o aumento de mortes em todo o país. Sozinha, ela teve um aumento de 23% no primeiro trimestre desse ano em comparação com o ano passado. Foram 5.273 assassinatos em janeiro, fevereiro e março de 2020, contra 4.302 de 2019. No total, foram 971 mortes a mais.
Em 2019, a região tinha sido a responsável por puxar a queda nos primeiros meses do ano.
Além do Nordeste, Samira Bueno também cita outros elementos que podem estar por trás da alta da violência. "Também é de se considerar a falta de um projeto nacional coordenado para reduzir a violência (a exemplo do que propunha o Sistema Único de Segurança Pública e que não foi continuado pela gestão Bolsonaro), novas dinâmicas associadas à ação do crime organizado e o crescimento nos assassinatos de mulheres", afirma.
Alagoas, conforme os dados, teve em março 102 crimes violentos. Um aumento de 3.06%. Em janeiro o acréscimo foi de 2.97% e fevereiro 4.35%
Queda recorde de mortes em 2019
A queda registrada no número de assassinatos no Brasil em 2019 bateu recorde e foi a maior se for levada em conta a série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número de vítimas também foi o menor desde 2007, ano em que foi iniciada a coleta dos dados.
Emergência 190
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