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A mancha de óleo vinda de navio com bandeira grega pode não ser suficiente para explicar a origem do desastre ambiental no Nordeste. Esta afirmação é do pesquisador Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), instalado em Maceió (AL), ligado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Ele afirmou em nota que já tinha conhecimento do vazamento de óleo perto do Rio Grande do Norte.
De acordo com o pesquisador, o Lapis está analisando a imagem do satélite Sentinel-1A, do dia 24 de julho de 2019, que capturou a mancha nas proximidades do Rio Grande do Norte, assim como outros dados de satélites que podem fornecer novas pistas para as investigações. OP9
Na imagem de satélite abaixo, do dia 24 de julho, foi detectada uma mancha de um fluido, possivelmente associado a petróleo, seguida por dois navios (um de grande porte e um de pequeno porte). O de pequeno porte está mais próximo à mancha, podendo ser o responsável pelo possível vazamento.
No momento em que o satélite capturou a imagem, o ponto mais próximo que a mancha estava da costa, no Litoral Norte do Rio Grande do Norte, era cerca de 40 quilômetros. A mancha foi registrada com 85 km de extensão e 0,9 km de largura. Segundo o Lapis, é possível que ela seja mais extensa, pois o satélite não cobriu a mancha por completo.
O pesquisador Humberto Barbosa ressalta que esta é uma das imagens que têm sido utilizadas no levantamento feito pelo laboratório, visando “montar o quebra-cabeça” e encontrar a origem do vazamento.
Mas ele chama atenção que há vários outros pontos semelhantes, localizados na bacia do Atlântico Sul (próximo ao Nordeste), também associados a manchas de óleo. É o caso da enorme mancha encontrada pelo Lapis, na última segunda-feira, dia 28 de outubro, nas proximidades da Costa da Bahia, com impressionantes 84 km de extensão, 6 km de largura e 47 metros de densidade.
Barbosa também observou que, ao longo da extensão da mancha de óleo encontrada próximo ao Rio Grande do Norte, um trecho dela está descontínuo, desapareceu, podendo já ter afundado no momento em que o satélite capturou a imagem.
“As várias manchas de óleo que localizamos no Oceano Atlântico Sul, próximo ao Nordeste, ora estão relacionadas a possíveis vazamentos de navios, ora a fluidos vindos do subsolo do fundo do mar. Inclusive, em alguns trechos, próximos à área portuária do Espírito Santo, foram detectadas manchas de óleo nas imagens de satélites. Porém, essas imagens ainda não foram analisadas, com o intuito de esclarecer a possível origem do vazamento”, destaca Barbosa.
O pesquisador ressalta também que a enorme quantidade de resíduos coletados nas praias do Nordeste, até o momento, podem não ser explicadas apenas por um vazamento de um navio na superfície. “Possivelmente, está ocorrendo um vazamento maior abaixo da superfície do mar. Localizamos várias manchas de óleo no Oceano e o desastre ambiental talvez não seja explicado apenas por uma origem de vazamento”, completa.
Barbosa destacou ainda que é preciso comparar a capacidade de transporte de petróleo do navio-cargueiro que possivelmente vazou o óleo no Litoral do Rio Grande do Norte, com as toneladas de resíduos coletados nas praias. Além disso, a questão é mais complexa, pois pela densidade do material, muitos resíduos estão no fundo do mar.
OP9
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