"A DEPRESSÃO NÃO É O ÚNICO FATOR QUE LEVA AO SUICÍDIO", ALERTA PSICÓLOGO (VEJA VÍDEO COM ENTREVISTA/GN - AL)

Foto: Maciel Rufino/Cada Minuto


Estamos no mês conhecido como Setembro Amarelo. O mês traz para a sociedade um assunto importante e que é um problema de saúde pública: o suicídio. Os dados em Alagoas assustam e mostram que o suicídio cresceu ao longo dos anos. O Anuário de Segurança Pública publicado na semana passada mostrou que em Alagoas, no ano de 2018, 172 pessoas tiraram a própria vida.


Entretanto, muito se ouve falar que as pessoas que pensam em suicídio estão depressivas. É preciso ter cuidado, segundo afirmou o psicólogo Rondinele Mariano. O profissional explicou que a depressão não é o único fator que leva ao suicídio.

Confira a entrevista completa abaixo

1) A que podemos atribuir os altos índices de suicídios?

O profissional sempre tem o cuidado de não atribuir o suicídio a uma causa. É algo multifatorial. Então desde o transtorno mental - bipolar, depressivo - desde as condições de problemas sociais mais amplos, como o desemprego, dificuldade socioeconômica. Vemos nos últimos tempos um aumento da violência e de problemas sociais e ao mesmo tempo o que os psiquiatras chamam de epidemia de depressão. A depressão não é o único fator que leva ao suicídio, ela pode ser um dos fatores. Nem toda pessoa pessoa que consumou o suicídio tem depressão.

2) Quais são os sintomas característicos de uma pessoa que esteja com depressão e que pensa em cometer suicídio?

É preciso ter um certo cuidado. Os sinais de depressão são a falta de motivação, visão negativa de si mesmo e do mundo, e esses sintomas quando vêm associados com frases como: “ah, se eu morrer o mundo ficaria melhor”, “se eu desistir de tudo será mais fácil”, então são frases que indicam uma ideação suicida. E eles pensam que o suicídio é uma maneira de sair da dor intensa. As pessoas dão sinais. Quem pensa em morrer vai dando sinais e por isso a importância de prevenir. Por isso fazemos campanha e trabalho de várias instituições do Estado, sociedade civil e Ongs para poder identificar e agir.

3) Dentro da área da educação, bem como em outros órgãos públicos, quais as medidas que podem ser tomadas para que este índice venha a diminuir?

Temos a campanha de Setembro Amarelo e as pessoas acham que fica apenas nesse mês. Esse mês é para tornar público, o suicídio é um problema social. Eu como cidadão devo estar atento às pessoas ao meu redor. Nós temos várias estratégias para identificar a ideação suicida. Escolas e empresas, por exemplo, deveriam ter estratégias para identificar isso, além dos transtornos, crises. Uma série de fatores levam ao suicídio: abuso físico, negligência emocional, violência. Todos esses fatores devem ser logo identificados e os órgãos começarem uma estratégia e uma atenção especial para que não evolua. É preciso ter uma integração entre os três poderes, além da sociedade civil, como o Cavida, entre outras Ongs. É uma união de esforços.

4) Os maiores índices são em adultos, adolescentes ou crianças?

O comportamento suicida atinge qualquer faixa etária e grupo social. Mas o grupo com adolescentes de 15 a 19 anos acontecem mais casos, como também idosos que é uma população que devemos ter atenção especial. São setores da população que o estado deve ter uma preocupação especial já que eles sofrem mais risco de consumar o suicídio.

5) O número de profissionais e voluntários atende as demandas do CAVIDA? Quantas ligações recebem por dia?

Recebemos uma média de 15 a 20 ligações. Não conseguimos atender a demanda e deixamos uma lista de espera enorme. A demanda está acima das nossas capacidades humanas e físicas para atender. É um trabalho voluntário que não recebemos nada, mas temos a preocupação de identificar a causa para que a pessoa pense isso. Mas, o suicídio é um problema de saúde pública.

6) Vocês contam com algum apoio? Quais os meios para manterem ativas as atividades no CAVIDA?

Nós mantemos a instituição com doações e com cursos de prevenção, e pósvenção para quitar as dívidas.




Por: Cadaminuto

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