Sergio Moro é o maior prejudicado e Lava Jato será cada vez mais questionada, enquanto andamento das reformas deve ser preservado (por enquanto)/(Agência Brasil/Montagem/EXAME)
São Paulo — O vazamento neste domingo (09) pelo site The Intercept de mensagens privadas mostrando coordenação entre o ex-juiz federal, Sergio Moro, e o procurador responsável pela Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol deve ter consequências políticas e jurídicas.
Analistas políticos e advogados criminais ouvidos por EXAME apontam que as revelações afetam principalmente as decisões tomadas por Moro quando era juiz e o andamento da sua agenda como ministro da Justiça.
No entanto, não estão previstos (por enquanto) grandes atrasos ou consequências para o andamento da agenda de reformas econômicas do governo Bolsonaro, em especial a da Previdência.
Um sinal disso foi o pequeno impacto no mercado financeiro na manhã desta segunda-feira (10), com o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, abrindo o pregão em leve queda.
Entenda o caso
De acordo com o Intercept, Moro combinou com Dallagnol estratégias de investigação para implicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em atos criminosos, sugeriu mudanças nas ordens das operações, antecipou ao menos uma decisão e deu pistas informais de investigações.
O site é de Glenn Greenwald, jornalista americano vencedor do prêmio Pulitzer por ter revelado, em 2013, um sistema de espionagem em massa dos EUA com base em dados vazados por Edward Snowden.
O MPF divulgou uma nota afirmando ter sido vítima de um ataque hacker e Moro disse que as mensagens foram tiradas de contexto.
Como as revelações vieram a público por uma reportagem, ainda será necessária uma extensa investigação, provavelmente conduzida pela Polícia Federal, para confirmar as implicações jurídicas.
Mas a veracidade dos conteúdos não foi questionada pelas notas distribuídas na noite de domingo (09) pelo Ministério Público Federal (MPF), Moro e Dallagnol.
O vazamento de informações sigilosas no âmbito da Lava Jato tem sido comum desde o início da operação em 2014.
Por: Clara Cerioni (Exame)
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