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Ana Claudia Dâmaso Lopes, 27, sempre teve o hábito de estalar o pescoço para aliviar as tensões do dia a dia. A modelo não esperava, entretanto, que uma atitude tão simples poderia provocar um AVC (acidente vascular cerebral). Segundo Feres Chaddad, chefe da disciplina de Neurocirurgia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), apesar de incomuns, casos como o de Ana não são raros.
“Assim que eu estalei o pescoço, eu já percebi que tinha acontecido algo comigo. Eu comecei a ficar muito tonta, tudo girava e até a minha visão ficou estranha. Em pouco tempo, além de não conseguir andar sozinha, eu comecei a vomitar sem parar. Também tive muitas dores de cabeça e no pescoço”, relata Ana.
Segundo Chaddad, os sintomas apresentados por ela definem o que sente quem sofre um acidente vascular cerebral. “Caso uma pessoa passe por isso, a primeira ação deve ser a de ir ao hospital. Lá, o corpo médico deve fazer uma tomografia e, na sequência, uma ressonância para saber o tipo do AVC – isquêmico ou hemorrágico”, explica.
O AVC hemorrágico acontece quando há o rompimento de um vaso cerebral, ocasionando um sangramento. Já o isquêmico ocorre quando há uma obstrução da artéria, impedindo a passagem de oxigênio para o cérebro.
Diagnóstico demorado
Ana correu para o hospital logo que os vômitos começaram. O diagnóstico, porém, demorou para acontecer. “Eles me medicaram para passar o enjoo, mas não souberam de cara o que eu tinha. Fizeram exame de sangue, suspeitaram de meningite e chegaram a perguntar se eu havia usado drogas. Eu falava que aconteceu tudo depois que estalei o pescoço, mas ninguém me levava a sério”, diz a modelo sobre o atendimento em um hospital de São Paulo.
Como se tratava de um feriado, a jovem ficou internada e recebeu a visita de uma neurologista somente depois de dois dias. Após a realização dos exames necessários, foi constatado que Ana havia sofrido um AVC isquêmico. Segundo o neurologista Feres Chaddad, a ação rápida e abrupta afetou a artéria: “Com a lesão, houve uma interrupção no transporte do sangue para áreas do cérebro, o que ocasionou o acidente vascular”, diz.
Ele alerta, ainda, para o perigo de se ter um diagnóstico demorado: “O movimento abrupto faz com que haja uma lesão no mesmo momento. Sem o atendimento imediato, a pessoa que sofre o acidente vascular pode ter sequelas severas neurológicas, ou, pior, ir a óbito”.
“Depois que a neurologista passou, fez os exames e viu que eu tinha passado por um AVC, eu comecei a tomar o anticoagulante. Tenho que tomar de seis meses a um ano. E também fiz exercícios com fisioterapeuta”, conta a modelo.
ficou dez dias internada. Hoje, cerca de um mês após o acidente vascular, ela ainda sofre com algumas limitações: “Eu sinto dores no pescoço e não posso tomar nenhum remédio com dipirona, porque ele afeta o anticoagulante. Não posso comer nenhuma verdura verde durante o tempo em que eu estou tomando o anticoagulante [alimentos ricos em vitamina K podem afetar o efeito do medicamento] e ainda sinto muita tontura”, afirma.
De acordo com Feres Chaddad, chefe da disciplina de Neurocirurgia da Unifesp, as possíveis sequelas cerebrais da jovem vão ser confirmadas com o tempo. “Após o tratamento, os médicos que a acompanham vão detectar o tamanho da lesão. O neurônio pode morrer ou deixar de funcionar. No segundo caso, com a fisioterapia, ela pode perceber melhora”, diz.
Podemos estalar o pescoço?
O médico explica que estalar o pescoço é um hábito que as pessoas devem abandonar: “Em vez de estalar, sugiro que alonguem. O costume acontece exatamente para relaxar a região, que costuma ser alvo de tensão. Mas há outras técnicas que podem ser mais seguras e eficazes”.
Ele aconselha a ida a um médico de confiança, que pode indicar especialistas em acupuntura ou fisioterapia para o trabalho de relaxamento dos músculos tensionados: “O segredo está no alongamento”, finaliza.
Por: BOL
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