Por seis anos consecutivos, o período de estiagem enforca o orçamento das prefeituras
Alagoas entra pelo sexto ano consecutivo enfrentando uma das secas mais severas já registradas no estado. Desde setembro do ano passado que 38 municípios decretaram estado de emergência em decorrência da estiagem e um plano de ação foi montado pelo governo sob a coordenação da Defesa Civil do Estado para minimizar os efeitos da seca. Os cerca de R$ 10 milhões repassados pelo governo federal para o período de estiagem, já não são suficientes e os prefeitos estão deixando de investir em determinadas áreas, para destinar verbas ao combate à seca.
Em junho de 2015, o ministro da Integração, Gilberto Occhi, e o governador Renan Filho (PMDB) assinaram um convênio para o repasse de verbas que foram utilizados em ações de abastecimento provisório de água potável.
Ao todo, 38 municípios tiveram decretado o estado de emergência. São eles: Água Branca, Arapiraca, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Canapi, Carneiros, Craíbas, Coité do Nóia, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Girau do Ponciano, Inhapi, Igaci, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Lagoa da Canoa, Major Isidoro, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho D'Água das Flores, Olho D?Água do Casado, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Pariconha, Piranhas, Poço das Trincheiras, Quebrângulo, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira e Traipu.
Para o prefeito de Pão de Açúcar, Jorge Dantas, e atual secretário-geral da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), esta é a pior seca da história, com chuvas de 500 a 550 milímetros, número considerado abaixo da média anual - 600 a 650 milímetros. Ele informa que todo o Sertão do estado e parte do Agreste, com destaque para os municípios de Craíbas, Igaci e Palmeira dos Índios, vêm sofrendo as consequências da seca. Para ele, 500 mil famílias estão sendo afetadas diretamente.
"Tem chovido pouco e, quando chove, é em pontos concentrados nos meses de inverno, o que não atende a demanda de açudes e barragens. Estamos nesta realidade agora, imagine quando chegar janeiro, fevereiro e março, o auge da seca. Hoje, sequer, as pessoas têm água para beber e dependem exclusivamente de carros-pipa. Perda de safra, como feijão e milho, é constante e este ano municípios não produzem praticamente nada. Cabeças de gado também já foram perdidas porque a reserva animal, a palma forrageira, já acabou", lamentou o prefeito.
O prefeito destacou que, em Pão de Açúcar, nove caminhões distribuem 1 milhão de litros de água por semana, com um investimento de R$ 80 mil por mês, dinheiro que deveria ser investido em Saúde, Educação e Saneamento Básico. Os demais municípios gastam, no mínimo, R$ 30 mil com carros-pipa.
Canal do Sertão
Uma das grandes obras já executadas em Alagoas se transforma também na grande solução para o enfrentamento da seca no estado. O Canal do Sertão, que está na execução do quatro trecho, possui, atualmente, cerca de 100 quilômetros de extensão e já abastece 40 municípios. O canal retira a água do Rio São Francisco pelo canal do Moxotó, em Delmiro Gouveia. Quando estiver concluído, terá 200 quilômetros de extensão até o município de Arapiraca. A obra já consumiu mais de R$ 2 bilhões.
Segundo o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Alexandre Ayres, o canal será uma importante ferramenta para o combate a seca, mas que o governo também trabalha com outras formas de minimizar os efeitos da estiagem, como o programa de recuperação de nascentes.
Somente no Sertão, há 650 geo-referenciadas. Conforme ressaltou o titular da pasta, uma série de convênios firmados desde 2011 e 2012 foi desburocratizada com a assinatura de ordem de serviço, neste ano, para levar 160 sistemas de abastecimento às cidades do Agreste e Sertão. É o Programa Água para todos, com recursos na ordem de R$ 24 milhões.
"Também destravamos processos relacionados ao Programa Água Doce, que levará até o próximo ano 101 sistemas para a região. Em paralelo a estas ações, a Semarh segue atuando com o suporte da Defesa Civil Estadual na distribuição de água por intermédio dos caminhões-pipa. É uma ajuda paliativa, porém, necessária. Esta é uma seca que causou uma série de problemas às famílias que residem no Semiárido", reforçou Alexandre Ayres.
Por: Gazeta web
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