RINITE, GRIPE OU RESFRIADO? APRENDA A RECONHECER E TRATAR CADA UM (GIRO DE NOTÍCIAS - SAÚDE)

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No outono e inverno, essa cena se repete com uma certa frequência na casa de muitas famílias, sobretudo nas que têm crianças com idades entre 3 e 7 anos. Mas, calma! Talvez o festival de espirros não seja um resfriado e, sim, um episódio de rinite alérgica. Tire suas dúvidas sobre o que é essa doença, as diferenças entre ela e um resfriado, as causas mais comuns, e as formas de tratamento com a alergista e imunologista pediátrica Veronica Tavares Lima, do Centro de Especialidades Pediátricas do Hospital Samaritano (SP).

O QUE É RINITE ALÉRGICA? A alergista e imunologista pediátrica Veronica Tavares Lima, do Centro de Especialidades Pediátricas do Hospital Samaritano (SP), explica que a rinite alérgica é uma reação imunológica do corpo a partículas inaladas consideradas estranhas. Essas substâncias são chamadas de alérgenos. O nariz é a porta de entrada para o ar e substâncias carregadas por ele, e tem a função de filtrar as impurezas, além de umidificar e aquecer o ar que vai chegar aos pulmões.

CONHEÇA OS SINTOMAS: Em idade escolar, os quadros virais, como gripes e resfriados, não são novidade. Eles normalmente são seguidos por febre e indisposição. No caso da rinite alérgica, os sintomas mais comuns são a coriza branca diária, principalmente pela manhã e à noite, coceira nos olhos e nariz, e congestão nasal. “A aparência é de uma criança resfriada, mas a periodicidade e a intensidade são os diferenciais. Não há febre”, frisa a especialista.A criança que tem rinite alérgica dorme de boca aberta, ronca, tem aspecto cansado, pode ter olheiras e, em situações mais graves, pode até apresentar crescimento comprometido e dificuldades escolares. 

QUAIS AS CAUSAS DA RINITE ALÉRGICA? Várias substâncias presentes no meio ambiente são alergênicas, mas predominam a poeira, a poluição, o pólen e alguns alimentos. A poeira tem vários componentes, como restos de pelos de animais, descamação da pele humana e de animais e restos de insetos, bactérias, fungos e ácaros. “A pessoa alérgica tem uma reação exagerada a esses alérgenos, numa tentativa de defesa do organismo”, diz.

DIFERENÇAS ENTRE RINITE ALÉRGICA E QUADRO VIRAL: Diferentemente do resfriado, que se instala por alguns dias, a rinite alérgica ataca durante determinados períodos, sobretudo de manhã e à noite. Quase sempre apresentam os sintomas minutos após o contato com o alérgeno, e metade deles volta a ter uma crise de 4 a 6 horas depois. De acordo com a alergista, “estudos mostram que crianças filhas de pais alérgicos têm 80% de chance de serem alérgicas também. Isso mostra que a genética tem papel fundamental na questão”.

COMO TRATAR A RINITE ALÉRGICA? Para tratar a rinite alérgica, existem três pilares: limpeza do ambiente, medicação e imunoterapia. A casa e, principalmente, o quarto onde a criança dorme devem ser limpos com bastante frequência. Aspirador de pó e pano úmido são as melhores opções, pois vassoura e espanador apenas espalham o pó pelo ambiente. Evite carpetes, cortinas, tapetes, bichos de pelúcia, almofadas, e utensílios que possam acumular poeira. A utilização de capas protegendo os colchões e travesseiros podem ser aliados importantes. Outra medida fundamental é evitar o contato com substâncias capazes de irritar o nariz. Perfumes, produtos de limpeza, produtos para deixar os ambientes com odor agradável, fumaça de cigarro, tintas, inseticidas e poluição são alguns exemplos de substâncias capazes de irritar o nariz, e desencadear sintomas. Mudanças bruscas de temperatura, frio e umidade do ar são igualmente prejudiciais.

QUANDO PROCURAR AJUDA? Quando os pais acham que o “resfriado” está durando muito, é hora de procurar o pediatra. Ele vai saber se o quadro é resfriado mesmo ou rinite alérgica. Em casos de rinite alérgica leve, o tratamento será a prescrição de corticoides nasais, a lavagem das narinas e inalação com soro fisiológico. Em casos de repetição ou mais sérios, o pediatra deverá encaminhar ao alergista. É fundamental fazer exames para detectar qual é o alérgeno. Assim, o tratamento torna-se mais eficiente. O alergista é quem prescreverá imunoterapia, que é a administração do alérgeno altamente diluído para acostumar o corpo a ele. Esse tipo de tratamento, que já existe há mais de 100 anos, é bem específico, longo e requer paciência, mas as chances de sucesso são altas.

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NÃO SÃO VILÕES: Ao contrário do que muita gente pensa, cachorros e gatos não são os principais responsáveis pela rinite alérgica. Existem, inclusive, teorias que dizem que o contato da criança, desde pequena, com cachorros e gatos é capaz de auxiliá-la a não desenvolver alergias, já que seu corpo se acostuma ao alérgeno. É preciso frisar, no entanto, que esse ponto está sendo estudado e não existem dados conclusivos.

É POSSÍVEL CONVIVER COM A RINITE ALÉRGICA? Sim, mas há prejuízo em diversos aspectos, sobretudo o social. A pessoa está sempre cansada, com nariz escorrendo, dorme mal. “Depois do tratamento, comparam o ‘antes’ e ‘depois’ e ficam surpresas com a melhora geral na qualidade de vida”, garante a médica.

Por: Voz da Bahia

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