ALAGOAS TEM O MAIOR PERCENTUAL DO BRASIL DA INFÂNCIA EXPOSTA À POBREZA; 66% (GN - AL)

Abrinq estima que cerca de 530 mil crianças e adolescentes do estado vivem com até meio salário mínimo/Divulgação


Alagoas é o Estado com o maior percentual de crianças e adolescentes expostos à pobreza do Brasil. São 66% da população com até 14 anos que vivem em situação domiciliar de pobreza, o que equivale a cerca de 530 mil pessoas. Isto implica em dizer que elas são sustentadas com uma renda de até meio salário mínimo. 

Outro dado é ainda mais alarmante: 28,3% da infância do Estado com esta faixa etária delimitada tem convívio em pobreza extrema (renda de até um quarto do salário mínimo).

Estas informações constam no "Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil", divulgado nesta terça-feira (24), pela Fundação Abrinq. As unidades da Federação com o pior quadro estão na região Nordeste. Além de Alagoas, estão no topo da lista Maranhão (62,4% de crianças e adolescentes em situação de pobreza), Ceará (61%), Bahia (60,8%) e Pernambuco (60,5%).

O RETRATO DA INFÂNCIA NO BRASIL

40,2% vivem em situação de pobreza

Quase 4 milhões moram em favelas

17,5% das adolescentes já são mães

1/3 dos bebês não tiveram pré-natal adequado

2,5 milhões de crianças trabalham

12,5% têm altura baixa para a idade

15% dos alunos abandonaram o Ensino Médio

20% das vítimas de homicídios tinham até 19 anos

Editado no formato de um caderno de bolso, o documento é uma fotografia da população de 0 a 19 anos, que já representa 33% do total de habitantes no Brasil, de acordo com o IBGE (2016). No recorte que abrange a faixa etária de 0 a 14 anos, por exemplo, o estudo revela que ainda há 17,3 milhões de crianças e adolescentes - equivalente a 40,2% desse universo - vivendo em situação domiciliar de pobreza.

Entre as regiões que apresentam a maior concentração de pessoas que vivem com renda domiciliar per capita mensal igual ou inferior a meio salário mínimo, o Nordeste e o Norte do país continuam apresentando os piores cenários, com 60% e 54% das crianças, respectivamente, vivendo nessa condição. 

A publicação reúne mais de 20 indicadores sociais relacionados às crianças e adolescentes, como mortalidade, nutrição, gravidez na adolescência, cobertura de creche, escolaridade, trabalho infantil, saneamento básico, acesso a equipamentos de cultura e lazer, violência, entre outros. 

Desta vez, os indicadores foram relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas, compromisso global do qual o Brasil é signatário para a promoção de desenvolvimento justo, inclusivo e sustentável até 2030.

Já os dados sobre a extrema pobreza - número de famílias que possuem renda per capita inferior a ¼ de salário mínimo - destacam que 5,8 milhões (ou 13,5%) de crianças e jovens de 0 a 14 anos vivem nessas condições. 

A estatística é melhor compreendida quando reveladas as condições de vida das famílias brasileiras: 55 milhões de pessoas, algo como 30% da população, vivem em situação de pobreza no Brasil, sendo que 18 milhões deste total se encontram em situação de extrema pobreza.

As precárias condições de vida dessa parcela da população geram um círculo vicioso do qual dificilmente a criança ou o adolescente pobre conseguem escapar, vendo suas vidas condenadas ao mesmo padrão econômico do que o de seus pais. Meninas engravidam precocemente. 

Em 2016, 17,5% dos bebês nascidos no Brasil foram de mães adolescentes. O Nordeste e Sudeste lideram os índices de gravidez antes dos 19 anos de idade, com 167.573 e 161.156 partos, respectivamente.

Sobre a Fundação Abrinq 

Criada em 1990, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente é uma organização sem fins lucrativos que tem como missão promover a defesa dos direitos e o exercício da cidadania de crianças e adolescentes. Tem como estratégias: o estímulo à responsabilidade social; a implementação de ações públicas; o fortalecimento de organizações não governamentais e governamentais para prestação de serviços ou defesa de direitos de crianças e adolescentes.

Por: Thiago Gomes* | com Fundação Abrinq 

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