EM UM ANO E MEIO, 592 CRIANÇAS FORAM VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL EM ALAGOAS (GN - AL)

Números mostram que, em 2016 e 2017, 840 pessoas de todas as idades foram vítimas de estupro no estado/Foto: Michelly Oda - G1


592 é o número de crianças com idades entre 0 e 13 anos que levam em seus corpos e nas suas almas cicatrizes de violência sexual ocorridas no estado de Alagoas entre 2016 e 2017. Os dados representam uma pequena fotografia dos casos registrados pela Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL) no período que vai de janeiro de 2016 a julho de 2017. Apesar desse cenário já chamar a atenção, os números podem ser bem maiores, já que muitos casos não são registrados por receio e/ou silêncio das vítimas e de seus familiares. Neste mesmo período, no quadro geral, foram registrados 840 casos com vítimas entre 14 e maiores de 18 anos.


Conforme os dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, no ano de 2016, em média, 31 crianças foram violentadas por mês no estado de Alagoas, representando um total de 376 ocorrências no período de 12 meses. Mesmo sem este ano ter acabado, 2017 segue na mesma linha do período anterior, com uma média mensal de 30 casos de estupro de vulnerável, totalizando até essa sexta-feira (28), 216 denúncias. 

No geral, somando as vítimas de todas as idades, o ano de 2016 fechou com o registro de 514 casos e 2017 já atingiu o número de 326. A SSP garante que todos os casos registrados e comunicados à polícia são devidamente apurados, ressaltando que, ao longo dos trabalhos investigativos, alguns deles acabam se configurando como outros tipos de crime.

Violência

Nesta semana, os alagoanos ficaram surpresos com a investigação que apontou que uma criança de 10 anos era estuprada pelo padastro e pelo próprio irmão, com a conivência e participação direta da mãe. O fato acontecia na cidade de Campo Alegre, no interior de Alagoas. Ao ser acionada, a polícia constatou que a mãe segurava a vítima para que a prática criminosa pudesse acontecer. 

De acordo com o presidente da Comissão de Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional em Alagoas, Alan Pierre, este caso ressalta o que acontece em muitas situações onde as crianças são as vítimas. 

"Quase sempre elas são vítimas deste tipo de agressão por pessoas que estão em suas casas, na vizinhança, ou seja, daqueles que estão próximos, no convívio diário. As agressões são silenciosas e, caso não haja denúncia, as vítimas seguem sendo agredidas por essas pessoas que deveriam, na verdade, protegê-las. É um crime brutal que impede e atrapalha o início da infância, acarretando em uma série de consequências e cicatrizes por todo a vida", expôs Pierre. 

Diante dos números, o presidente da Comissão de Direitos da Criança e do Adolescente defende que um caminho para impedir que esse tipo de abuso volte a acontecer é a denúncia e, consequentemente, a condenação. "Sem ajuda, a criança não consegue reagir e sair dessa situação traumatizante. Por isso, é fundamental que qualquer pessoa que tome conhecimento de situações de estupros leve o caso à polícia. Precisamos cuidar das nossas crianças, garantindo-lhes um futuro. E aos culpados, que o caminho seja o da Justiça, pois só assim mudaremos essa realidade", frisou.

Disque 100

Dados divulgados recentemente pela Secretária Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente mostram que a realidade de Alagoas não é diferente de outros estados. Apenas nos anos de 2015 e 2016, 37 mil casos de denúncias de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos foram recebidos pelo Disque 100. Cerca de 67,7% das crianças e jovens que sofrem abuso e exploração sexuais são meninas. Os meninos representam 16,52% das vítimas. 

Os casos em que o sexo da criança não foram informados totalizaram 15,79%. Os dados sobre faixa etária mostram que 40% dos casos eram referentes a crianças de 0 a 11 anos. As faixas etárias de 12 a 14 anos e de 15 a 17 anos correspondem, respectivamente, a 30,3% e 20,09% das denúncias. Já o perfil do agressor aponta homens (62,5%) e adultos de 18 a 40 anos (42%) como principais autores dos casos.

A Polícia Civil de Alagoas informou que todos os casos que chegaram até as autoridades policiais são devidamente investigados, sendo ofertado no momento da denúncia ajuda psicológica, médica e todo os demais cuidados que foram julgados necessários. No Brasil, o Disque 100 e o aplicativo Proteja Brasil são os principais meios de denúncia dos crimes envolvendo crianças e jovens. 

Por: Gazeta Web

Nenhum comentário: