ALVOS DE ATAQUES, BANCOS FECHAM E DEIXAM POPULAÇÃO DESASSISTIDA EM CIDADES DE ALAGOAS (GN - AL)




Moradores de cidades do interior precisam se deslocar a outros municípios para sacar dinheiro e resolver pendências /Fotos de várias cidades do sertão de alagoas invadida por bandidos - Internet


Os constantes ataques a agências bancárias no interior do estado já causam uma consequência devastadora para quem precisa de dinheiro. A novidade agora não são os assaltos, mas o fechamento dos bancos ou, no mínimo, a falta de dinheiro nos caixas por iniciativa de banqueiros e do próprio governo, como forma de prevenir novos ataques. E quem mais sofre com o problema tem que enfrentar quilômetros para "pedir socorro" em bancos de outras cidades. 


A reportagem conversou com o presidente do Sindicato dos Bancários Jairo França sobre a realidade atual. O sindicalista lamentou o fechamento de, no mínimo, seis agências, todas situadas no Sertão de Alagoas, nos municípios de Olivença (Banco do Brasil), Água Branca (Banco do Brasil), Mata Grande (Banco do Nordeste e Banco do Brasil), Inhapi (Banco do Brasil) e Major Isidoro (Banco do Brasil).

Outras agências, segundo Jairo, podem estar na mesma situação ou mantidas abertas de forma precária, sem uma de suas funções principais: disponibilizar dinheiro em cédula. A deficiência se deve, em primeiro lugar, às investidas criminosas, gerando um desabastecimento parcial ou integral dos terminais e do cofre, quando - de forma ousada - as quadrilhas explodem o local e fogem com os malotes, deixando como marca ameaças verbais e materiais, buscando intimidar até os profissionais da Segurança Pública. 

"Com a falta de dinheiro, cerca de sessenta por cento da população de cada município depende dos bancos e é obrigada a seguir para outros municípios circunvizinhos ou distantes, a fim de sacar aquela quantia, muitas vezes contada, para pagar as contas ou resolver pendências. 

E, como se trata de um efeito dominó, outros problemas são verificados pela falta de dinheiro, a exemplo da quebra do comércio municipal, bancos das demais cidades lotados, risco de assalto ao cliente durante a viagem e um plano de enxugamento de quadro nos bancos por parte dos empresários. 

Questionado sobre as medidas adotadas pelo governo e pelo sindicato, Jairo França foi incisivo ao declarar que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) tem dado resposta devido às investigações e prisões de quadrilhas, porém, as ações não têm sido suficientes. 

"Não queremos jogar a bomba na mão da Segurança Pública, pois o que temos notado, também, é uma inércia dos bancos em querer minimizar esta violência específica com demandas que propusemos há muito tempo, mas que não foram adotadas na maioria deles, como vidros blindados, portas giratórias em todas as agências, abertura automática delas e a guarda de chaves por terceirizados", destacou o presidente ao sinalizar que várias reuniões são feitas entre a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e os sindicatos estaduais que representam os bancários, para analisar o cenário e encontrar alternativas cabíveis. 

A Gazetaweb teve acesso ao mapa de assaltos a bancos relativo aos anos de 2016 e 2017. De janeiro até o momento, ocorreram 18 ataques, a metade deles contra o Banco do Brasil. Conforme o levantamento feito pelo sindicato, foram registrados assaltos envolvendo bancários, familiares e populares em Feira Grande (Banco do Brasil). 

Por sua vez, os assaltos referentes a arrombamento de caixas e agências ocorreram em Maceió (Caixa Econômica Federal), Coruripe (Caixa), Campo Grande (Banco do Brasil), Major Isidoro (Banco do Brasil), Passo de Camaragibe (Banco do Brasil e Bradesco), Igaci (Banco do Brasil), Girau do Ponciano (Banco do Brasil), Novo Lino (Banco do Brasil) e São Miguel dos Milagres (Bradesco). 

O próximo item registrado pelo mapa envolve os ataques sem visar dinheiro. Além da capital (Santander e Itaú), os municípios de Arapiraca (Caixa), Rio Largo (Bradesco) e Atalaia (Banco do Brasil e Caixa) também foram alvos.

"Pão de açúcar foi devastado devido aos efeitos colaterais da falta de circulação de cédulas no município. Um comércio que nunca foi sinônimo de pujança, com a restrição de cédulas na praça, vê-se combalido. A agência do Banco do Brasil é a instituição com mais carteira de clientes e, sem esse fornecimento, que passou a ser feito em outras localidades, o dinheiro deixou de circular e, assim, cerca de dez comércios já baixaram as portas, fazendo dezenas de desempregados", destacou. 

Conforme ressalta Fagno, somente no Alto Sertão, formado por 26 municípios, 432.667 pessoas são atingidas pelo problema, segundo o senso 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mínimo, os munícipes têm que percorrer 60 km. As medidas para reverter o quadro são paliativas. "Há medidas paliativas que trazem algum alento para a população, como o atendimento nos Correios e correspondentes bancários, mas que, em contrapartida, elevam o risco de assaltos".

Para Genimilson, morador do município de Major Isidoro, os transtornos são imensos, pois é necessário se deslocar a Cacimbinhas, onde se resolve a questão administrativa; porém, o saque só é feito em Batalha ou Dois Riachos. 

"É necessário percorrer, no mínimo, vinte e cinco quilômetros. Aqui, estamos com a agência totalmente fechada e sem previsão para reabertura. Até uma barreira contra arrombamento foi construída pela Prefeitura, mas sem efeito. Todos nós sofremos", disse Genimilson Ferreira. 

Em Junqueiro, o problema atinge principalmente os aposentados, servidores do Município e trabalhadores da usina. Como só existe uma agência e do Banco do Brasil, o local fica superlotado e, consequentemente, falta dinheiro para atender a demanda. "Corre-se o risco de chegar o final da tarde e não ter nada. O jeito é seguir para Arapiraca. No meu caso, eu não chego a ir para outras cidades com essa necessidade específica; contudo, se for para resolver outros negócios, aí aproveito para unir o útil ao agradável", pontuou José Edvaldo e Silva, professor e morador de Junqueiro. 

Por: Gazeta web

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