Veja/Eles reclamam do cancelamento de festas por prefeituras municipais. Associação diz que muitos reduziram o cachê para fazer festas privadas.
No mês de junho, as festas juninas tomam conta da capital e outros municípios alagoanos. E o que não falta neste período é forró, xote, xaxado e baião. Neste ano, os responsáveis pelo tom da festa, os forrozeiros, buscam alternativas para enfrentar a crise financeira, que fez cair o número de festas no estado.
Por causa da contenção de despesas, muitas cidades reduziram bastante ou até mesmo cancelaram os seus festejos juninos. A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) chegou a orientar os gestores a evitar gastos com grandes festividades.
Uma das prefeituras que decidiram pelo cancelamento foi a de Maceió. Ela comunicou no final de abril que, devido à situação financeira que o município se encontra, a festa este ano ficaria restrita ao festival de quadrilhas juninas Forró & Folia. A estrutura montada em anos anteriores, quando músicos receberam apoio financeiro através de uma licitação, não vai acontecer neste ano.
O cancelamento de festas tradicionais preocupa os forrozeiros, que já reduziram o cachê a metade do valor normal neste período para conseguir manter a tradição. Eles estão buscando apoio de empresas e investindo em festas menores para garantir a renda.
O presidente da Associação dos Forrozeiros de Alagoas, José Lessa, diz que foi preciso encontrar medidas para conseguir trabalho por causa da crise. Ele lamenta o cancelamento de muitas festas tradicionais, a exemplo da que acontecia há alguns anos em Maceió.
“O forró é a alma do povo nordestino. O nordeste ficou conhecido no país pelo forró. Sei que a crise está aí, mas o gasto que seria feito em uma festa com artistas locais não seria alto. Sem contar com o mercado que as festas movimentam, tanto formal como informal”, comentou Lessa.
Em Maceió, existem cerca de 100 forrozeiros e em todo estado são mais de 300. “Esse período é o que o sanfoneiro ganha um dinheiro para fazer a média do ano. Que nos outros meses cai o valor e a quantidade de festas. O preço chega a dobrar nas festas juninas e depois cai novamente”, explicou.
Festas particulares
Dentre as iniciativas para conseguir manter a renda no período de crise, os forrozeiros aumentaram o espaço na agenda para as festas privadas a exemplo de clubes, condomínios, shoppings, lojas e residências.
“As festas privadas são a saída, mesmo com um cachê menor. O que acontece é que os grupos ou trios acabam tocando em mais de uma festa por noite para conseguirem a mesma renda de uma festa maior”, disse Lessa.
Quem está com a agenda cheia para este mês é o zabumbeiro José Paulo, o “Xexéu”. Ele disse que tem mais de 30 shows para fazer, e alguns deles são no mesmo dia.
“Toco com o grupo que participo e também com outros músicos que me convidam. Nesse mês não paro porque sei que é quando posso aumentar a renda e ficar mais tranquilo para o resto do ano”, comentou Xexéu.
Os valores cobrados dependem do grupo e da festa. Os preços variam desde R$ 300 a R$ 10 mil. “Temos todos os preços. Os trios são mais baratos, mas as bandas que têm mais componentes e equipamentos têm preços mais altos. Muitas pessoas entram em contato com a associação para saber sobre bandas e nós indicamos as que são adequadas para a festa procurada”, informou Lessa.
Na tentativa de conseguir mais renda para os forrozeiros, a associação encaminhou a empresários um projeto de uma grande festa junina no estacionamento de um dos shoppings da capital. A festa pretende contemplar bandas e trios locais, mas ainda não há retorno da proposta.
“Seria uma oportunidade de diminuir o prejuízo causado aos forrozeiros pelo cancelamento de festas e ainda promover uma festa junina para os maceioenses. O forró é a festa do povo e tem muita gente que não pode ir a outros estados e vão acabar ficando sem festa se esse evento não acontecer”, comentou o presidente da associação.
Por: G1/AL
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