VAZÃO DO RIO SÃO FRANCISCO CAI PARA MENOS DE 550 m³/s (GN - AL E SE)

Foto: Adalberto Gomes


O Rio São Francisco alcança nesta terça-feira (18) um recorde negativo em sua vazão para a região Nordeste. Os 610 metros cúbicos por segundo (m³/s) liberados a partir do reservatório de Sobradinho foram reduzidos para média diária de 550 m³/s, de acordo com ato da Agência Nacional de Águas (ANA) publicado no Diário Oficial da União.


A estiagem prolongada tem feito o Rio São Francisco perder força na divisa de Alagoas e Sergipe, permitindo que o mar avance sobre a água doce. O fenômeno é conhecido como salinização e, segundo pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), está transformando o ecossistema da região e prejudicando a população ribeirinha.

Para o pesquisador, a redução da vazão das águas do Rio São Francisco pela hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, agrava o problema. O volume de água liberado pela usina já superou 2.900 m³/s, mas nos últimos anos vem sendo reduzido gradativamente para prolongar a vida útil dos reservatórios.

“Se a vazão do São Francisco permanecer como está, a situação será cada vez pior, tanto do ponto vista humano quanto ambiental”, avalia Peter.

A medida tomada em articulação com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) provoca a pior vazão desde o início do funcionamento da hidrelétrica situada na Bahia. Inaugurada em 1979, a usina tem o maior lago artificial do mundo, com cerca de 320 km de extensão e capacidade de armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos de água, volume que atualmente está em pouco mais de 10% do que pode suportar, segundo dados da Chesf.

Além de gerar energia elétrica, Sobradinho também é fundamental para a regulação dos recursos hídricos da região. Para justificar a mais recente queda de vazão, a resolução da ANA lista três pontos: agravamento das condições hidrológicas e de armazenamento da bacia do rio São Francisco, produção de energia para o Sistema Nordeste e o resultado de simulações da evolução de armazenamento do reservatório de Sobradinho.

O mesmo ato oficial determina a liberação de água a partir de Sobradinho em 550 m³/s até 30 de novembro deste ano, autorizando ainda vazão instantânea (a cada medição) de 523 m³/s. O impacto da redução vai piorar a captação de água para abastecimento humano e outros usos, problema que já uma realidade em Alagoas, seja nas imediações da foz do Velho Chico – onde a salinização da água é crescente – ou nos cânions de Xingó, onde o desequilíbrio ambiental já causou o surgimento de ‘manchas’ de bactérias, causa da interrupção do serviço que vai ficar pior a partir de agora.

Por G1

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