NÚMERO DE CRIANÇAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL CAI 46% (GN - EDUCAÇÃO)

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A maioria das conclusões trazidas pelo Censo Escolar 2016, divulgado pelo Ministério da Educação, reafirma problemas já conhecidos: falta de creche, alto número de crianças fora da escola e altos índices de repetência. 


Há dois dados que chamam mais a atenção. O primeiro é a diminuição do número de crianças até o 9º ano no ensino integral. Num momento em que o país assume formalmente a importância da educação integral para o ensino médio, por meio da Medida Provisória 746 assinada pelo presidente Michel Temer, o número de crianças do 1º ao 9º ano nesse regime diminui em 46%. 

Em 2016, apenas 9% dos estudantes dessa fase estavam em escola integral. “O Banco Mundial mostrou que, na prática, a criança brasileira tem apenas 2,5 horas de aulas por dia”, diz Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação. “É muito pouco, principalmente tendo em vista que o currículo brasileiro é muito extenso”, diz. 

A diminuição do número de crianças fora da escola vai na contramão de uma das metas do Plano Nacional de Educação, que estipula o aumento da oferta de ensino integral para a educação fundamental. Outro ponto que surpreende é o crescimento, apesar da crise econômica, do número de crianças em escolas privadas. Em oito anos, o número de alunos que migrou da escola pública para a particular cresceu 32%. “É alarmante porque mostra que a sociedade está desistindo do ensino público a que tem direito”, diz Priscila Cruz. 

A repetência é um dos velhos problemas da educação no país que continuam indomáveis. Uma em cada quatro crianças repete um ou mais anos antes de terminar o ensino fundamental (9º ano). As maiores taxas de reprovação concentram-se no 3º ano e no 6º ano do ensino fundamental, quando as crianças têm 8 e 10 anos, respectivamente. No 3º ano, 11,5% das crianças são reprovadas. Essa é a fase que, de acordo com o Plano Nacional de Educação, o aluno deve estar plenamente alfabetizado. 

No 6º ano, o percentual de repetentes sobe para 17%. Esse é o ano em que, na maioria das escolas, o aluno deixa de ter um único professor para ter vários professores especialistas (transição difícil para crianças de todo o mundo). Com esses números, o Brasil permanece entre as nações que mais reprovam crianças no mundo. 

(Época)

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