PROMOTORES E DELEGADOS INVESTIGAM OPERAÇÃO COM OITO SUSPEITOS DE CRIMES MORTOS EM DELMIRO GOUVEIA/AL (GN - SERTÃO DE ALAGOAS)

Mário Jorge e Guilherme Iusten serão os delegados, além do promotor João Batista e mais dois que não tiveram os nomes divulgados/Foto: Cortesia


Os delegados Mario Jorge Barros e Guilherme Iusten, ambos da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), da Polícia Civil, foram designados, esta manhã (terça-feira, 31), para apurar as circunstâncias que culminaram na morte de oito homens que seriam suspeitos de formar uma organização criminosa com atuação no município de Delmiro Gouveia/AL. Três promotores do Ministério Público Estadual (MPE), que atuam naquela comarca, também instauraram inquérito para checar como se deu a operação.


De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil de Alagoas, a designação dos delegados especiais foi expedida, por meio de portaria, pelo delegado-geral da instituição, Paulo Cerqueira. A determinação será publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quinta-feira (1º).

Já o promotor João Batista dos Santos informou, à Gazetaweb, que a investigação em torno do caso foi aberta e os três representantes do MPE devem pedir esclarecimentos ao delegado Rodrigo Cavalcante, titular da Delegacia de Delmiro Gouveia e responsável por comandar a ação policial dessa terça-feira com o suporte de militares do 9º Batalhão.

“Vamos conversar com o delegado ainda hoje para pedir informações precisas e aprofundadas sobre o que aconteceu nesta ocorrência. Queremos saber como se deu a ação, como agiram os policiais e como se comportaram as pessoas que foram baleadas e acabaram morrendo. É preciso entender as circunstâncias de como tudo se deu”, compreende.

Ele disse entender que a sociedade precisa de segurança – e isto, na opinião dele, foi visto nessa terça-feira. “No entanto, a segurança pública também deve andar em paralelo com os Direitos Humanos”, avalia. Para o promotor, a atividade policial deve ser investigada para atestar se estava dentro dos padrões da legalidade, como está reafirmando a cúpula da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP).

O promotor revela que são cada vez mais frequentes casos de roubos a banco e outros delitos nas cidades de Delmiro Gouveia, Água Branca e Olho d’Água do Casado. E chama a atenção, segundo ele, o aumento de violência em toda a região sertaneja, sendo necessária a intervenção policial urgente. No entanto, a maneira como as operações são montadas também é motivo de fiscalização.

“É óbvio que os militares devem agir se forem recebidos à bala. O policial não pode morrer e precisa reagir. E o que vamos descobrir é se a atitude deles foi correta na referida operação”, comenta.

Os inquéritos policiais nas duas esferas têm prazo legal de 30 dias para conclusão.

Operação

A cúpula da Segurança Pública e os responsáveis por montar a operação sustentam que o ato dos policiais foi legal, dentro dos padrões rotineiros e em legítima defesa, levando em consideração que a quadrilha investiu contra as guarnições (algumas descaracterizadas), atingindo o colete à prova de balas de um dos militares do 9º Batalhão.

Porém, a versão apresentada pelas autoridades policiais, durante entrevista coletiva, já é motivo de desconfiança por parte da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas. O grupo informou à imprensa que vai pedir esclarecimentos para tirar as dúvidas. Fotos dos suspeitos mortos empilhados dentro da carroceria de uma caminhonete da Prefeitura de Delmiro foram amplamente viralizadas pelas redes sociais. O delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, vai designar hoje um delegado especial para investigar as circunstâncias.

Cinco mortos foram identificados pelos nomes: eram Márcio Bezerra de Lira, Emerson Barbosa da Silva, Nilton Araújo Dantas, Fabiano Silva Santos e Jonathan Robson Silva Santos. À imprensa, a cúpula da Segurança passou o apelido dos oito: “Big”, “Oinha”, “Beixo”, Jonathan, Márcio, Robson, “Miltinho” e “Priquitinho”. Os corpos foram recolhidos ao Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca sem que a perícia no local fosse feita pelo Instituto de Criminalística (IC). O delegado Rodrigo Cavalcante, de Delmiro Gouveia, justificou que o procedimento não foi feito por ainda haver pessoas vivas no local e pela distância e tempo que os peritos levariam para chegar até a residência.

Os oito que estavam na casa foram mortos, sendo que um deles foi atingido pelos tiros no telhado onde tombou. O corpo dele foi resgatado por militares do Corpo de Bombeiros. Dentro do imóvel, a polícia diz que foram encontradas 2 espingardas do calibre 12, uma pistola 380, 3 revólveres 38, outro do calibre 22, além de munições de calibres 12, 38 e 32, mais 3 kg de maconha, colete à prova de balas, duas motocicletas, balaclavas, R$ 1.800 e balança de precisão.

Por: Gazeta Web

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